Inegavel o fato de que a internet facilitou a nossa vida. Consigo nem mais imaginar minha vida sem Google.
Se antigamente pra achar um emprego as pessoas tinham que encher uma pasta de curriculos e bater perna por ai entregando, hoje um simples "responsable marketing" no monster.fr ja te mostra diversas vagas.
Se antigamente quem morava no exterior falava com a familia uma vez a cada dois meses, rapidinho porque o telefone custa uma bica, hoje posso me deliciar horas e horas vendo minha familia querida através do skype.
Se ontem eu tinha simplesmente que aceitar a programaçao da TV, hoje eu escolho exatamente o que vou assistir graças às maravilhas dos downloads e do you tube.
Mas se a internet facilitou a vida, ela também nos deixou muito mais preguiçosos e hipocritas.
O exemplo mais flagrante disso sao as redes sociais.
Graças ao titio facebook e msn, toda a sua rede de contatos esta ligada. Você sabe em tempo real se seu amigo arranjou um novo emprego, uma nova namorada ou se saiu da dieta, com um comentario "comendo um xis bacon egg salada com onion rings no Outback".
Mas o pior de tudo isso é o moralismo. Quem ai nunca viu um comentario no facebook tipo "deixe essa mensagem no seu mural por uma hora caso você apoie as pessoas com cancer" ou "veja aqui lista dos deputados que querem dobrar seus salarios" ou "homofobia é crime, e bla bla bla..."??
E aquela cretinice que rola entre a mulherada, de colocar mensagens misteriosas tipo "35 polegadas" ou "em cima da cômoda", so pra despertar a curiosidade alheia? Essas mensagens misteriosas dizem respeito à "conscientizaçao sobre o cancer de mama", e bla bla bla... Agora me pergunto : o que colocar "38 polegadas" no facebook ajuda no cancer de mama??? Você faz doaçoes pra ajudar nas pesquisas?? Você ao menos faz o auto-exame com frêquencia? Entao nao me vem com churumelice.
Até ai, acho linda essa conscientizaçao toda, afinal a gente tem que começar por algum ponto. E tem algumas (rarissimas) campanhas que realmente tem algum efeito.
Mas na maioria das vezes, parece que o povo esquece que a vida se faz na realidade e nao na timeline do facebook. E na hora de levantar a bundinha linda da cadeira, o movimento perde força. Vereadores querendo aumentar seus salarios em 80%??? UM ABSURDO, AQUELES CANALHAS!!! VOU XINGAR MUITO NO TWITTER!!! ...Protestar contra esse aumento domingo à tarde debaixo do sol??... Mas vai ter jogo do curintia... (ou insira aqui o nome do seu time)
De nada adianta botar uma frase linda contra a homofobia no facebook, e quando vê dois homens ou duas mulheres de mao dada dando um selinho no métro, fica olhando com o ar mais espantado do mundo, como se aquelas pessoas fossem alienigenas.
De nada adianta botar uma frase linda sobre o respeito às mulheres, e quando vê uma mulher bonita num cargo de diretoria, faz um comentario tipo "Ra, com certeza ela deu pro presidente!"
De nada adianta botar uma frase linda falando sobre a fome da Africa, mas nao doar 10 euros que sejam pra ajudar a combater isso.
Lembro do bafafa que foi ano passado quando o #ForaSarney dominou o twitter. Milhoes e milhoes de mensagens com a tag, falando sobre os absurdos do politico, todo mundo se sentindo super engajado.
E na realidade, alguma grande passeata aconteceu? O que você fez de fato sobre isso, na vida real??
Pois o tempo passou, os trendings topics sao outros. E semana passada foi descoberto que Sarney usou helicoptero publico pra ir para a sua ilha particular (pois é, e você ai dividindo uma quitinete com 14 amigos pra passar o final de semana em Ubatuba), e que tem um salario de mais de 60 mil reais.
Uau, super eficazes essas campanhas pelo twitter hein????
Graças a Deus que na época do Diretas Ja nao existia internet, senao era capaz de até hoje ainda nao termos direito de votar no nosso presidente.
As pessoas colocam isso nas suas timelines pra parecem engajadas, responsaveis e menos burras.
Isso acalma a consciencia delas, e nada mais motivante pra nao reagir à nada e continuar na inércia do que uma consciencia tranquila.
E de fato, eles se sentem super engajadas colocando "repasse essa mensagem se você também é a favor do combate à Aids".
Como se né, a AIDS vai ser combatida so pq vc falou isso.
Ou como se ela deixasse de ser combatida, so por eu achar essa coisa de "cole no seu mural" de uma cretinice sem igual, e nao repasso "o meu apoio ao combate à AIDS" no facebook.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
terça-feira, 16 de agosto de 2011
"Oh, t'as un accent, tu viens d'où?"
95% das conversas mais longas que eu tenho com pessoas que eu nao conheço (até entao, pelo menos) começam assim.
Seja quando um amigo te apresenta à alguém, ou alguém te pergunta que horas são no ponto de onibus, seja quando um funcionario novo chega pra almoçar com o teu grupo na mesa da cantina do trabalho. A gente troca umas duas frases, e a pessoa, percebendo que você tem um sotaque que nao condiz com nenhuma região da França, lança a famosa "ah, você tem um sotaque, você vem de aonde?" ou com a variaçao "você é de qual origem?".
Ok, normal essa curiosidade, até porque eu nao tenho la a cara mais brasileira do universo,e reza a lenda que meu sotaque falando francês "nao é tipico de lugar nenhum, uma coisa meio unica" (ainda nao decidi se isso é uma coisa boa ou ruim). Mas depois de dois anos e meio, essa pergunta começa a encher o saco.
Nao pela pergunta em si, afinal, como eu disse, o ser humano é curioso, normal, e eu nao ligo de ter que repetir novecentas e doze vezes "Brésil".
O problema é pra onde a conversa vai depois. Das três uma : ou a pessoa vai comentar que eu nao tenho cara de brasileira (ah, se eu recebesse um euro pra cada vez que eu escuto isso...), e sim de alguém dos paises de Leste ou Russia ou Alemanha, e vai perguntar qual é a minha "real" origem, pra eu ser assim loira de olho azul, e quando eu falo "Alemanha", ela faz aquela cara de "aaaah, é por isso", como se minhas raizes brasileiras nao adiantassem de nada na minha personalidade. OU : a pessoa vai comentar que ja foi pro Brasil, e me contar tooooda a viagem dela. O que eu nao ligaria uma vez ou outra. Mas la pela décima vez que você escuta neguinho contando de viagem pra Foz da Iguaçu, ou de como ele achou maravilhosa a Amazonia (a.k.a. monte de mato), isso começa a encher. Se nao for isso, ela vai comentar que um amigo ja foi pro Brasil, foi assaltado no calçadao de Copacabana e jurou nunca mais botar os pés la. OU o mais frequente : ele vai lançar alguma dessas palavras :
"samba", "futebol", "caipirinha" ou "string" (a.k.a fio-dental).
Pois é.
A vontade de fugir desse tipo de conversa é tanta, que juro que quando perguntada sobre as minhas origens, ja respondi uns paises que nunca levam à conversas posteriores, tipo "Coréia do Norte" ou "Mali" ou "Guatemala". The world is my backyard.
Seja quando um amigo te apresenta à alguém, ou alguém te pergunta que horas são no ponto de onibus, seja quando um funcionario novo chega pra almoçar com o teu grupo na mesa da cantina do trabalho. A gente troca umas duas frases, e a pessoa, percebendo que você tem um sotaque que nao condiz com nenhuma região da França, lança a famosa "ah, você tem um sotaque, você vem de aonde?" ou com a variaçao "você é de qual origem?".
Ok, normal essa curiosidade, até porque eu nao tenho la a cara mais brasileira do universo,e reza a lenda que meu sotaque falando francês "nao é tipico de lugar nenhum, uma coisa meio unica" (ainda nao decidi se isso é uma coisa boa ou ruim). Mas depois de dois anos e meio, essa pergunta começa a encher o saco.
Nao pela pergunta em si, afinal, como eu disse, o ser humano é curioso, normal, e eu nao ligo de ter que repetir novecentas e doze vezes "Brésil".
O problema é pra onde a conversa vai depois. Das três uma : ou a pessoa vai comentar que eu nao tenho cara de brasileira (ah, se eu recebesse um euro pra cada vez que eu escuto isso...), e sim de alguém dos paises de Leste ou Russia ou Alemanha, e vai perguntar qual é a minha "real" origem, pra eu ser assim loira de olho azul, e quando eu falo "Alemanha", ela faz aquela cara de "aaaah, é por isso", como se minhas raizes brasileiras nao adiantassem de nada na minha personalidade. OU : a pessoa vai comentar que ja foi pro Brasil, e me contar tooooda a viagem dela. O que eu nao ligaria uma vez ou outra. Mas la pela décima vez que você escuta neguinho contando de viagem pra Foz da Iguaçu, ou de como ele achou maravilhosa a Amazonia (a.k.a. monte de mato), isso começa a encher. Se nao for isso, ela vai comentar que um amigo ja foi pro Brasil, foi assaltado no calçadao de Copacabana e jurou nunca mais botar os pés la. OU o mais frequente : ele vai lançar alguma dessas palavras :
"samba", "futebol", "caipirinha" ou "string" (a.k.a fio-dental).
Pois é.
A vontade de fugir desse tipo de conversa é tanta, que juro que quando perguntada sobre as minhas origens, ja respondi uns paises que nunca levam à conversas posteriores, tipo "Coréia do Norte" ou "Mali" ou "Guatemala". The world is my backyard.
Little habits
Como eu prefiro ser "aquela metamorfose ambulante", esses anos de França mudaram alguns habitos da minha pessoa, de forma que eu nem lembre como a vida era antes. Algumas mudanças foram pra bem, outras pra mal, outras indiferentes, mas nao deixam de ser mudanças.
Escovar os dentes depois do almoço :
A maioria dos amigos brasileiros que moram na zoropa contam que continuam indo religiosamente escovar os dentes depois do almoço no trabalho, apesar dos olhares chocados dos colegas de trabalho europeus. Bato palmas e invejo todos, porque eu ja desencanei disso faz tempo. Francesada nao faz isso é jamais, e eu acabei entrando na onda. Nao é bonito, eu sei, e bem que gostaria de voltar aos velhos habitos, mas atualmente volto do almoço direto pra trabalhar normalzona o restante da tarde. So nao contem pra minha dentista. Juro que continuo escovando meus dentes bonitinho depois das outras refeiçoes.
Esperar meu troco de 3 centavos :
Normal no Brasil é arredondar as contas. $12, 72 viram $12,70 ou $12,75. Até uns 10 centavos, a gente sempre releva. Aqui pode ser um misero centavo que ninguém deixa quieto. Tanto peguei habito que sempre fico esperando meu troco de poucos centavos, mesmo que eu deteste encher minha carteira de moedinhas minusculas. O troco é meu e pronto. Nem acredito que passei tanto tempo no Brasil deixando quieto o troco de poucos centavos.
Pagar o transporte publico por mês :
Com meu pass Navigo querido (ou pass Bibus quando eu morava naquele fim de mundo de Brest), eu pago uma mensualidade e uso o trem, métro e onibus quantas vezes me der na telha. Ta certo que nao é laaaa mto barato (pra Paris e banlieues coladas, sao 60 pila que morrem todo mês), mas acho um grande incentivo a usar o transporte publico. Isso de pagar o transporte pelo bilhete unico por every single time que você o usa me parece CARO, mto caro (logico, se isso for algo rotineiro, e nao de quem tem carro e usa o onibus tipo duas vezes por semana).
Ser sua propria manicure/depiladora :
Ja disse aqui o quanto essas coisas estéticas na França (quiça na Europa toda) custam os dois zoio da cara. Logo, aprender a tirar sua propria cuticula, pintar e tirar o esmalte sozinha, assim como meter a cera quente e puxar sem pensar duas vezes na sua propria e querida pele é mais do que uma opçao : é uma obrigaçao. Saudade dos tempos em que 15 conto em meia-hora deixavam meus pés e mãos lindos, e 30 conto deixavam minhas pernas e virilhas lisinhas...
Escada, minha melhor amiga :
Monte de prédio antigo pela cidade toda, entao né, existência de elevador é meio raro. Tem uns que até conseguem adaptar e meter um elevador minusculo num canto, mas na maioria dos prédios (tipo o meu) isso é fisicamente impossivelmente. Morar no terceiro andar e descer e subir as escadas umas 3 vezes por dia vira habito, e quando você chega pra visitar um amigo, e vê que tem elevador no prédio dele, até acha aquilo meio bizarro...
Escovar os dentes depois do almoço :
A maioria dos amigos brasileiros que moram na zoropa contam que continuam indo religiosamente escovar os dentes depois do almoço no trabalho, apesar dos olhares chocados dos colegas de trabalho europeus. Bato palmas e invejo todos, porque eu ja desencanei disso faz tempo. Francesada nao faz isso é jamais, e eu acabei entrando na onda. Nao é bonito, eu sei, e bem que gostaria de voltar aos velhos habitos, mas atualmente volto do almoço direto pra trabalhar normalzona o restante da tarde. So nao contem pra minha dentista. Juro que continuo escovando meus dentes bonitinho depois das outras refeiçoes.
Esperar meu troco de 3 centavos :
Normal no Brasil é arredondar as contas. $12, 72 viram $12,70 ou $12,75. Até uns 10 centavos, a gente sempre releva. Aqui pode ser um misero centavo que ninguém deixa quieto. Tanto peguei habito que sempre fico esperando meu troco de poucos centavos, mesmo que eu deteste encher minha carteira de moedinhas minusculas. O troco é meu e pronto. Nem acredito que passei tanto tempo no Brasil deixando quieto o troco de poucos centavos.
Pagar o transporte publico por mês :
Com meu pass Navigo querido (ou pass Bibus quando eu morava naquele fim de mundo de Brest), eu pago uma mensualidade e uso o trem, métro e onibus quantas vezes me der na telha. Ta certo que nao é laaaa mto barato (pra Paris e banlieues coladas, sao 60 pila que morrem todo mês), mas acho um grande incentivo a usar o transporte publico. Isso de pagar o transporte pelo bilhete unico por every single time que você o usa me parece CARO, mto caro (logico, se isso for algo rotineiro, e nao de quem tem carro e usa o onibus tipo duas vezes por semana).
Ser sua propria manicure/depiladora :
Ja disse aqui o quanto essas coisas estéticas na França (quiça na Europa toda) custam os dois zoio da cara. Logo, aprender a tirar sua propria cuticula, pintar e tirar o esmalte sozinha, assim como meter a cera quente e puxar sem pensar duas vezes na sua propria e querida pele é mais do que uma opçao : é uma obrigaçao. Saudade dos tempos em que 15 conto em meia-hora deixavam meus pés e mãos lindos, e 30 conto deixavam minhas pernas e virilhas lisinhas...
Escada, minha melhor amiga :
Monte de prédio antigo pela cidade toda, entao né, existência de elevador é meio raro. Tem uns que até conseguem adaptar e meter um elevador minusculo num canto, mas na maioria dos prédios (tipo o meu) isso é fisicamente impossivelmente. Morar no terceiro andar e descer e subir as escadas umas 3 vezes por dia vira habito, e quando você chega pra visitar um amigo, e vê que tem elevador no prédio dele, até acha aquilo meio bizarro...
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Shopping, shopping, shopping
Quando eu digo que eu preciso de uma intervençao séria sobre o meu vicio em livros, neguinho acha que é exagero.
Eis que to com uns 6 livros na minha "to read" list em casa, sem contar que to lendo uns 4 ao mesmo tempo (tipo, qdo eu enjoo de um, vou pra outro, depois pra outro, depois volto pro primeiro...)
Hoje fui passear pela Champs com os outros estagiarios (sou PHYNA, passear na Champs é meu programa de horario de almoço) e entramos na Fnac.
Eis que descobri que saiu um livro da Katherine Pancol, por quem sou apaixonada, em versão de bolso.
Eis que estava a 5 euros.
Eis que nao me aguentei.
Eis que estou com 7 livros na minha "to read" list.
Alguém me segura.
Maldita.
Eis que to com uns 6 livros na minha "to read" list em casa, sem contar que to lendo uns 4 ao mesmo tempo (tipo, qdo eu enjoo de um, vou pra outro, depois pra outro, depois volto pro primeiro...)
Hoje fui passear pela Champs com os outros estagiarios (sou PHYNA, passear na Champs é meu programa de horario de almoço) e entramos na Fnac.
Eis que descobri que saiu um livro da Katherine Pancol, por quem sou apaixonada, em versão de bolso.
Eis que estava a 5 euros.
Eis que nao me aguentei.
Eis que estou com 7 livros na minha "to read" list.
Alguém me segura.
Maldita.
Cenas parisienses 2
Ontem tava linda, leve e loira na linha 1 do métro indo pra Les Halles no cinema assistir o novo Planet of the Apes.
Tinha esquecido o meu livrinho querido do Game of Thrones em casa, entao resolvi começar a ler um livro que tinha pego aqui na Peugeot (explico : eles dispoem de uma biblioteca e DVDteca paga pros funcionarios, mas qdo um livro nao é alugado depois de um século, eles resolvem botar na prateleira de doaçao). Anyway, vi um thriller dando bobeira na prateleira de doaçoes, e como curto o gênero, resolvi pegar sem nem ver sobre o que era.
Voltando, comecei a ler o Ville des Glaces (meio chato), que aparentemente fala sobre a mafia russa, corrupçao, etc etc... até que um tiozinho aleatorio sentado do meu lado me pergunta sobre o que é o livro. Explico que eu nao sei direito, que foi uma doaçao, mas aparentemente fala sobre a mafia e a corrupçao russas.
O tiozinho faz uma cara feia, e fala "Nao parece mto legal...", e eu "pois é, mas foi uma doaçao, entao to lendo né...", ao que o tiozinho respondeu "sim, sim, curiosidade literaria é otimo, é preciso praticar o exercicio mental", ao que eu respondi com um sorrisinho e voltei pra historia.
E eis que ele me sugere "Você ja tentou se exercitar com Nietzsche?"
Fucking NIETZSCHE.
Respondi que ja tentei com o "humano, demasiadamente humano", mas era muito 'pesado' pra mim, que nao curti mto.
Ai os proximos quinze minutos que se seguiram foi o tiozinho discorrendo sobre existencialismo, niilismo, valores humanos, psicologia, metafisica... e eu querendo morrer, querendo que a bendita estaçao Les Halles chegasse logo.
Quando finalmente chegou e eu comecei a me aprontar pra sair do trem, o tiozinho me afirmou que Nietzsche era genial e que, se eu tentasse de novo, com certeza eu iria amar.
Disse so um 'ok, ok, vou tentar, obrigada'.
Pois é. So mesmo em Paris pra um tiozinho aleatorio querer discutir Nietzsche com vc no métro.
Tinha esquecido o meu livrinho querido do Game of Thrones em casa, entao resolvi começar a ler um livro que tinha pego aqui na Peugeot (explico : eles dispoem de uma biblioteca e DVDteca paga pros funcionarios, mas qdo um livro nao é alugado depois de um século, eles resolvem botar na prateleira de doaçao). Anyway, vi um thriller dando bobeira na prateleira de doaçoes, e como curto o gênero, resolvi pegar sem nem ver sobre o que era.
Voltando, comecei a ler o Ville des Glaces (meio chato), que aparentemente fala sobre a mafia russa, corrupçao, etc etc... até que um tiozinho aleatorio sentado do meu lado me pergunta sobre o que é o livro. Explico que eu nao sei direito, que foi uma doaçao, mas aparentemente fala sobre a mafia e a corrupçao russas.
O tiozinho faz uma cara feia, e fala "Nao parece mto legal...", e eu "pois é, mas foi uma doaçao, entao to lendo né...", ao que o tiozinho respondeu "sim, sim, curiosidade literaria é otimo, é preciso praticar o exercicio mental", ao que eu respondi com um sorrisinho e voltei pra historia.
E eis que ele me sugere "Você ja tentou se exercitar com Nietzsche?"
Fucking NIETZSCHE.
Respondi que ja tentei com o "humano, demasiadamente humano", mas era muito 'pesado' pra mim, que nao curti mto.
Ai os proximos quinze minutos que se seguiram foi o tiozinho discorrendo sobre existencialismo, niilismo, valores humanos, psicologia, metafisica... e eu querendo morrer, querendo que a bendita estaçao Les Halles chegasse logo.
Quando finalmente chegou e eu comecei a me aprontar pra sair do trem, o tiozinho me afirmou que Nietzsche era genial e que, se eu tentasse de novo, com certeza eu iria amar.
Disse so um 'ok, ok, vou tentar, obrigada'.
Pois é. So mesmo em Paris pra um tiozinho aleatorio querer discutir Nietzsche com vc no métro.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Ah, se fosse verdade...
Volte e meia na vida real você passa por aquelas cenas tipicas de filme.
De filme romantico, quando um francês gato corre atras de você, te puxa e te beija pela primeira vez bem no meio da rue de Rivoli.
De filme de comédia pastelao, quando uma pomba invade o seu quarto porque você deixou a janela aberta e você fica que nem uma idiota cercando a pomba tentando espantar a cretina pra fora, de forma que aquele bicho portador de mil doenças encoste o minimo possivel nas suas coisas.
De filme de drama, quando você olha seu saldo bancario.
De filme de açao, quando você acorda atrasada pro trabalho e tem que se vestir, arrumar o cabelo, se maquiar e sair correndo de salto alto pro ponto do ônibus que ta do outro lado da Périphérique, tudo isso num espaço de 15 minutos.
Maaaaaas, na maioria das vezes, a vida nao é tao cinematografica. Aquela entrada triunfal sempre é arruinada por uma porta que nao abre, ou aquele pote de Haagen Dasz devorado logo apos um pé na bunda volta sob a forma de gordura nessa mesma bunda.
A diferença entre a realidade e a ficçao vai muito além das cenas impossiveis de filme de açao, onde o mocinho americano mata 19 terroristas com 6 balas, e ainda desarma aquela bomba que iria explodir a Casa Branca. Sim, sim, as diferenças sao varias outras :
Filme : a mocinha recém divorciada que nao esta procurando um novo amor esbarra em um cara super gato, solteiro pq "foi mto machucado no passado", médico cirurgiao, na feira enquanto escolhia tomates, eles batem um papo à toa e ele a chama pra sair.
Realidade : ou a mocinha esbarra no super gato médico cirurgião, fica olhando aquele deus grego, que so pede desculpas e continua escolhendo seus tomates com tranquilidade, afinal ele é casado, feliz e fiel. Ou ele começa a bater papo com ela e a chama pra sair, mas da um nome falso afinal ele é casado, feliz e um tremendo galinha que procura um one night stand. Ou a mocinha esbarra em um cara que nao é nada gato, meio gordinho, ela pede desculpa e nem olha pro cidadão. Bonito, bem sucedido, solteiro e charmoso so existe em filme.
Filme : ir trabalhar de ressaca nao é segredo. o festeiro chega atrasado, com aquela cara de poucos amigos, de oculos escuros e um enorme copo da starbucks na mão.
Realidade : qualquer pessoa sabe que pegar fama de pinguço no escritorio é a pior coisa que tem. Logo, se um dia deu uma exagerada, mantém a melhor postura profissional do mundo, chegando no horario, e trabalha normalmente. No maximo se alguém falar que você parece cansado, diz que dormiu mal pq ta ficando gripado.
Filme : aquele homem escultural aparece de armadura em cima do cavalo, grita para a sua tropa palavras de coragem com seus dentes lindos brancos e cabelo bem arrumado, e eles partem pra batalha.
Realidade : fedor, fedor, dente podre, cabelo seboso, fedor, fedor, sangue, fedor, dente podre, fedor, sangue, sangue, fedor, sangue, fedor.
Filme : todo mundo é incrivelmente bem sucedido financeiramente e as apostas mais banais sao sempre nivel "I bet a hundred bucks!"
Realidade : olha, se eu perco a hundred bucks à toa, isso desmorona meu budget mensal. no mundo real, as apostas sao no maximo "aposto uma breja!!".
Filme : a mocinha se arrepende de ter dado um pé na bunda do mocinho, descobre que ele decidiu aceitar um emprego em Chicago, e corre pro aeroporto, pula por cima ou por baixo dos agentes de segurança, chega correndo na sala de embarque para pedir pro mocinho nao ir embora e dizer que o ama.
Realidade : na hora que ela tentasse invadir a sala de embarque, os agentes do segurança iriam neutraliza-la com aquela maquina de choque, ela seria levada pra uma salinha obscura, interrogada e acusada de terrorismo, e ir parar em Guantanamo.
De filme romantico, quando um francês gato corre atras de você, te puxa e te beija pela primeira vez bem no meio da rue de Rivoli.
De filme de comédia pastelao, quando uma pomba invade o seu quarto porque você deixou a janela aberta e você fica que nem uma idiota cercando a pomba tentando espantar a cretina pra fora, de forma que aquele bicho portador de mil doenças encoste o minimo possivel nas suas coisas.
De filme de drama, quando você olha seu saldo bancario.
De filme de açao, quando você acorda atrasada pro trabalho e tem que se vestir, arrumar o cabelo, se maquiar e sair correndo de salto alto pro ponto do ônibus que ta do outro lado da Périphérique, tudo isso num espaço de 15 minutos.
Maaaaaas, na maioria das vezes, a vida nao é tao cinematografica. Aquela entrada triunfal sempre é arruinada por uma porta que nao abre, ou aquele pote de Haagen Dasz devorado logo apos um pé na bunda volta sob a forma de gordura nessa mesma bunda.
A diferença entre a realidade e a ficçao vai muito além das cenas impossiveis de filme de açao, onde o mocinho americano mata 19 terroristas com 6 balas, e ainda desarma aquela bomba que iria explodir a Casa Branca. Sim, sim, as diferenças sao varias outras :
Filme : a mocinha recém divorciada que nao esta procurando um novo amor esbarra em um cara super gato, solteiro pq "foi mto machucado no passado", médico cirurgiao, na feira enquanto escolhia tomates, eles batem um papo à toa e ele a chama pra sair.
Realidade : ou a mocinha esbarra no super gato médico cirurgião, fica olhando aquele deus grego, que so pede desculpas e continua escolhendo seus tomates com tranquilidade, afinal ele é casado, feliz e fiel. Ou ele começa a bater papo com ela e a chama pra sair, mas da um nome falso afinal ele é casado, feliz e um tremendo galinha que procura um one night stand. Ou a mocinha esbarra em um cara que nao é nada gato, meio gordinho, ela pede desculpa e nem olha pro cidadão. Bonito, bem sucedido, solteiro e charmoso so existe em filme.
Filme : ir trabalhar de ressaca nao é segredo. o festeiro chega atrasado, com aquela cara de poucos amigos, de oculos escuros e um enorme copo da starbucks na mão.
Realidade : qualquer pessoa sabe que pegar fama de pinguço no escritorio é a pior coisa que tem. Logo, se um dia deu uma exagerada, mantém a melhor postura profissional do mundo, chegando no horario, e trabalha normalmente. No maximo se alguém falar que você parece cansado, diz que dormiu mal pq ta ficando gripado.
Filme : aquele homem escultural aparece de armadura em cima do cavalo, grita para a sua tropa palavras de coragem com seus dentes lindos brancos e cabelo bem arrumado, e eles partem pra batalha.
Realidade : fedor, fedor, dente podre, cabelo seboso, fedor, fedor, sangue, fedor, dente podre, fedor, sangue, sangue, fedor, sangue, fedor.
Filme : todo mundo é incrivelmente bem sucedido financeiramente e as apostas mais banais sao sempre nivel "I bet a hundred bucks!"
Realidade : olha, se eu perco a hundred bucks à toa, isso desmorona meu budget mensal. no mundo real, as apostas sao no maximo "aposto uma breja!!".
Filme : a mocinha se arrepende de ter dado um pé na bunda do mocinho, descobre que ele decidiu aceitar um emprego em Chicago, e corre pro aeroporto, pula por cima ou por baixo dos agentes de segurança, chega correndo na sala de embarque para pedir pro mocinho nao ir embora e dizer que o ama.
Realidade : na hora que ela tentasse invadir a sala de embarque, os agentes do segurança iriam neutraliza-la com aquela maquina de choque, ela seria levada pra uma salinha obscura, interrogada e acusada de terrorismo, e ir parar em Guantanamo.
Assinar:
Postagens (Atom)