terça-feira, 16 de agosto de 2011

"Oh, t'as un accent, tu viens d'où?"

95% das conversas mais longas que eu tenho com pessoas que eu nao conheço (até entao, pelo menos) começam assim.
Seja quando um amigo te apresenta à alguém, ou alguém te pergunta que horas são no ponto de onibus, seja quando um funcionario novo chega pra almoçar com o teu grupo na mesa da cantina do trabalho. A gente troca umas duas frases, e a pessoa, percebendo que você tem um sotaque que nao condiz com nenhuma região da França, lança a famosa "ah, você tem um sotaque, você vem de aonde?" ou com a variaçao "você é de qual origem?".

Ok, normal essa curiosidade, até porque eu nao tenho la a cara mais brasileira do universo,e reza a lenda que meu sotaque falando francês "nao é tipico de lugar nenhum, uma coisa meio unica" (ainda nao decidi se isso é uma coisa boa ou ruim). Mas depois de dois anos e meio, essa pergunta começa a encher o saco.
Nao pela pergunta em si, afinal, como eu disse, o ser humano é curioso, normal, e eu nao ligo de ter que repetir novecentas e doze vezes "Brésil".
O problema é pra onde a conversa vai depois. Das três uma : ou a pessoa vai comentar que eu nao tenho cara de brasileira (ah, se eu recebesse um euro pra cada vez que eu escuto isso...), e sim de alguém dos paises de Leste ou Russia ou Alemanha, e vai perguntar qual é a minha "real" origem, pra eu ser assim loira de olho azul, e quando eu falo "Alemanha", ela faz aquela cara de "aaaah, é por isso", como se minhas raizes brasileiras nao adiantassem de nada na minha personalidade. OU : a pessoa vai comentar que ja foi pro Brasil, e me contar tooooda a viagem dela. O que eu nao ligaria uma vez ou outra. Mas la pela décima vez que você escuta neguinho contando de viagem pra Foz da Iguaçu, ou de como ele achou maravilhosa a Amazonia (a.k.a. monte de mato), isso começa a encher. Se nao for isso, ela vai comentar que um amigo ja foi pro Brasil, foi assaltado no calçadao de Copacabana e jurou nunca mais botar os pés la. OU o mais frequente : ele vai lançar alguma dessas palavras :

"samba", "futebol", "caipirinha" ou "string" (a.k.a fio-dental).

Pois é.
A vontade de fugir desse tipo de conversa é tanta, que juro que quando perguntada sobre as minhas origens, ja respondi uns paises que nunca levam à conversas posteriores, tipo "Coréia do Norte" ou "Mali" ou "Guatemala". The world is my backyard.

2 comentários:

  1. lkkkkk cara juro que fiquei imaginando a cara de neguinho quando vc falou que sua "real" origem era a coreia do norte kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    ResponderExcluir
  2. Ju!! Ja passei por indiana e azerbaijaneza! E turca, logico, tô na Alemanha...

    ResponderExcluir